29-06-2011
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ABERTURA DA PÁGINA
29-06-2011
O chefe do gabinete de estudos do Banco Central Europeu (BCE), Jürgen Stark, ameaçou retirar a ajuda financeira à Grécia se o país não implementar o novo programa de austeridade.
A ameaça velada foi deixada em declarações à edição online do semanário alemão «Die Zeit»: «A Grécia não pode ser um poço sem fundo e não pode esperar ser sempre apoiada por outros, não se pode abusar da solidariedade», disse Starke.
O economista alemão acrescentou que «nem a União Europeia nem o Fundo Monetário Internacional são pressionáveis e só deverão prosseguir as ajudas financeiras à Grécia na condição de haver uma estratégia a médio prazo de consolidação orçamental e amplas medidas de privatização».
O Parlamento grego vota esta quarta-feira em Atenas um novo pacote de austeridade, que inclui cortes nas despesas e aumentos de impostos no valor de 28 mil milhões de euros e privatizações de empresas que deverão atingir 50 mil milhões.
Bancos alemães e franceses também ajudam
Os bancos alemães também fazem depender a sua ajuda da implementação de mais austeridade. Segundo a Lusa, que cita fontes governamentais em Berlim, estão dispostos a participar num novo pacote de ajudas à Grécia, caso o parlamento em Atenas aprove o novo pacote.
A base do modelo a adoptar pela banca alemã é a prorrogação dos prazos de maturidade dos títulos de dívida grega, adiantaram as mesmas fontes, citadas por vários órgãos de comunicação germânicos.
Foi já celebrado um acordo verbal entre o governo federal e a banca, após conversações no ministério das Finanças, está a ser elaborada uma resolução, e o ministro da tutela, Wolfgang Schäuble, ultimará os pormenores com representantes da banca e das seguradoras, na quinta-feira, segundo as mesmas notícias.
Os chefes de governo da Zona Euro têm apelado aos credores privados para participar num segundo pacote de ajudas à Grécia, para evitar a bancarrota deste país da moeda única.
Na segunda-feira, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou um acordo com a banca gaulesa, que é uma das mais expostas à dívida grega, a par da banca alemã. O projecto francês oferece duas possibilidades aos credores privados. Uma é aplicar 70% do dinheiro que têm a receber de Atenas nos próximos anos em novos títulos da dívida grega, com maturidade a 30 anos e juros até 8%, com garantias do Estado. A outra é investir 90% do seu investimento inicial em títulos helénicos em novos títulos deste país com maturidade a cinco anos, a juros de 5,5%.
Para tal, no entanto, é necessário que as agências de notação financeira não considerem que a Grécia entra em incumprimento, com a adopção destas medidas.
Segundo o «Wall Street Journal», os bancos alemães têm actualmente uma exposição de 17 mil milhões de euros à dívida grega, que soma um total de 341 mil milhões de euros.
O principal credor da dívida grega é o duo FMI/UE, com 15,5% do total, seguido dos bancos gregos, com 14,7%, e do Banco Central Europeu, com 13,8%.
Há quem espera «profunda reestruturação»
O líder parlamentar dos liberais alemães, Rainer Brüderle, conta com «uma profunda reestruturação» da dívida pública grega, independentemente da aprovação de um novo pacote de austeridade no parlamento de Atenas.
«Continuo a achar que, no momento xis, haverá uma reestruturação», disse o ex-ministro da economia em Berlim.
Uma tal medida «teria decerto consequências» para o BCE e também para os mercados, «porque os seguros de crédito, os CDS, atingiriam níveis impensáveis», admitiu.
O político liberal mostrou-se confiante, porém, na aprovação dos créditos à Grécia, na próxima semana.
Brüderle advertiu ainda contra «exageros» nas medidas de poupança a adoptar pela Grécia, sugerindo que Bruxelas ajude o país com impulsos ao comércio e turismo.
«Seria bom criar uma sociedade fiduciária europeia, porque os gregos não parecem em condições de preencher formulários e beneficiar de verbas dos fundos estruturais que já foram autorizadas».